Entenda porque as fashion techs tem o poder de revolucionar o mercado da moda
A moda, assim como qualquer outro setor que movimenta a economia mundial, também tem responsabilidade pelo consumismo desenfreado, parcela de culpa na degradação do meio ambiente e na exploração do trabalho em todos os estágios da produção, desde a obtenção da matéria-prima até a distribuição e venda das roupas.
A partir da análise desses pontos críticos que necessitam urgentemente de novas alternativas e soluções para amenizá-los, surgiram as fashion techs, empresas inovadoras que utilizam tecnologias disruptivas para modernização da indústria da moda, considerada como uma das mais poluentes em todo o mundo.
Com elas, surgiu um novo modelo de moda tecnológica, um segmento fashion totalmente transformado pela tecnologia, com novas diretrizes para a produção de tecido, design de modelos e fabricação das roupas.
Continue a leitura para entender como as fashion techs apresentam novas soluções para a indústria da moda e quais os efeitos positivos deste segmento inovador.
Qual o campo de trabalho de uma fashion tech?
Depois do surgimento do fast fashion, um meio da indústria da moda que possui curto espaço de tempo entre criação, produção e venda de coleções, com peças em preços consideravelmente baixos, o consumo de roupas aumentou exponencialmente.
Para atender tamanha demanda, são utilizados meios contraditórios, com processos agressivos ao meio ambiente e exploração do trabalho nas cadeias base da produção. Ou seja, as peças em seu armário passaram por um longo processo produtivo, com extração e consumo de recursos naturais desenfreados, uma astronômica quantidade de resíduos poluentes descartados na natureza e trabalhadores em condições análogas a escravidão.
São muitos pontos que necessitam de inovação para amenizar esse viés agressivo da moda. E é exatamente em cima deles que as fashion techs aplicam seus esforços, a fim de criar soluções inovadoras para tratar todos esses efeitos.
Por isso, o campo de trabalho de um fashion tech é bastante abrangente. Entre eles destacam-se a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva para garantir que não exista trabalho escravo e uso de agentes químicos prejudiciais ao meio ambiente.
Para evitar que novas coleções contenham peças com saída muito baixa (essas que serão descartadas inadequadamente devido ao fluxo contínuo dos estoques), as fashion techs abrem espaço para clientes participarem na produção, com um sistema de cocriação de coleções, democratizando a modelagem. Tudo isso utilizando a inteligência de dados para entender qual o potencial de sucesso de cada coleção e evitar o descarte de peças novas.
As fashion techs revolucionarão as formas de criação e de se vestir
O modelo de funcionamento de uma fashion tech é totalmente adequado às demandas de consumo da atualidade. As tecnologias utilizadas para isso têm a capacidade de unir os ecossistemas digital e físico, impulsionando novas formas de consumo, um bom exemplo disso é a moda circular.
Isso porque, com tecnologias como VR (Realidade Virtual), AR (Realidade Aumentada), impressão 3D e design assistido por AI (Inteligência Artificial) é possível revolucionar as formas de criação e de se vestir, já que as coleções passam a ser produzidas com um alinhamento preciso às formas de consumo de cada período, gerado com a participação de clientes na criação e pela exatidão que as tecnologias proporcionam em todo o processo produtivo.
Outro ponto revolucionário é a conexão entre mundo físico e digital. Com o desenvolvimento de ambientes virtuais criados com o auxílio de AI, o consumidor pode ter um preview online das peças totalmente alinhado com a realidade.
Assim, antes mesmo de uma coleção começar a ser produzida, ela já é testada e validada pelos consumidores. O resultado são coleções enxutas, precisas e o uso totalmente racionalizado de matéria-prima e recursos produtivos.
A união de todas essas características inovadoras faz das fashion techs peças fundamentais em termos de governança ambiental, social e corporativa (ESG), pois com elas a moda deixa de ter um planejamento criativo e produtivo forçado. Existe todo um processo de previsão de tendências e a produção de coleções é feita com um ano de antecedência (período utilizado para testes e validação).
Desta forma, a sobra de produtos é minimizada e, por consequência, os agentes de poluição são drasticamente reduzidos, dois pontos fundamentais para os consumidores atuais, que são muito mais criteriosos com a origem da matéria-prima, os processos produtivos, as condições de trabalho e a manutenção do meio ambiente.
